Reumatologista relata a iniciativa da Sociedade Brasileira de Reumatologia de certificar centros de terapia assistida
Representando a Comissão de Centro de Infusão, o Dr. Georges Basile, iniciou sua palestra com um questionamento aos presentes. “Alguém aí já viu um filme onde mostra um avião, uns pilotos que entraram na aeronave, o vôo vai começar, só que antes eles pegam uma listinha e começam a perguntar, ‘o motor tá ligado? Cheque o freio, cheque isso, cheque aquilo?’. Essa verificação de processos para garantir a segurança dos vôos também foi adotada na medicina, segundo ele. A criação de checklists para verificar se todos os procedimentos necessários para garantir a segurança do paciente estavam sendo seguidos foi essencial para que se tornasse possível alterar rotinas que não funcionavam bem, além de mensurar a efetividade do sistema.
Este princípio foi o que norteou, em 2017, que a Sociedade Brasileira de Reumatologia adotasse um processo similar nos Centros de Infusão, devido ao conhecimento de que havia problemas de armazenamento e que isso pode afetar a efetividade e a segurança dos medicamentos biológicos. No mesmo ano, a SBR fez um levantamento sobre os Centros existentes e descobriu 45 Centros, em 14 estados. Porém, muitos desses eram criados e conduzidos por profissionais que visavam apenas obter lucro, sem ter critério ético de funcionamento, segundo o Dr. Georges. Por isso os responsáveis pela Comissão chegaram a conclusão de que era necessário a criação de critérios técnicos a serem adotados em todos os Centros e que a melhor forma de garantir que eles fossem cumpridos era através da Acreditação desses Centros.
“Por que a gente pensou em Acreditação? Porque é esse processo dos pilotos que eu falei antes para verificar a segurança. Então ele busca padrões mínimos de qualidade e gestão e o foco principal é sempre na segurança do paciente. Tem uma definição de metas de resultados clínicos, assistência e gestão. Acompanhamento permanente dos resultados e metas. Atualização constante e adequação às necessidades e inovações. Então esse processo de acreditação foi adotado porque a gente viu nesses critérios aqui, os melhores critérios para poder definir tecnicamente como deveriam funcionar”, explicou o profissional.
Para que isso fosse posto em prática a Sociedade Brasileira de Reumatologia fez contato com a IQG (Qmentum International Accreditation) líder em Acreditação, expôs seus critérios e chegaram a um acordo sobre a criação conjunta de um manual de bom funcionamento. O IQG é reconhecido pela OMS e membro da ISQUA (The International Society For Quality in Health Care), ou seja, os padrões criados são de nível internacional. “Nós tivemos a honra de construir o primeiro manual de Acreditação de centros de infusão do mundo, que está servindo de padrão para o ISQUA. E a gente tinha a vantagem de ter controle do processo pra poder também valorizar os especialistas da nossa especialidade (reumato). Era um processo caro, mas a gente achou que valia a pena. E a gente construiu o manual em sociedade com o IQG, tem a propriedade intelectual conjunta, ou seja, se eles quiserem mudar alguma coisa tem que perguntar para a gente. Esse manual é revisado a cada 2 anos”, contou o reumatologista.
A Certificação por Distinção – Serviços de Terapia Infusional Assistida ou Serviços de Terapia Assistida, pois não são só medicamentos infusionais, existem também os orais, é ideal para serviços especializados. Pois avaliam resultados para doenças específicas, a efetividade no uso das diretrizes clínicas das especialidades de todas as doenças envolvidas no processo. E também produz uma redução da variabilidade de processos que existem e principalmente sinaliza a comunidade que a qualidade dos cuidados prestados é gerida de forma eficaz para atender as necessidades especiais e exclusivas de cada paciente, conseguindo individualizar o processo, focando em quem utiliza o imunobiológico, garantiu o Dr. Georges.
No certificado por distinção é possível verificar uma série de aspectos essenciais, como: A governança, gestão de pessoas, gestão de processos, estrutura assistencial, protocolos de segurança, gestão clínica, gestão da informação clínica, onde se pode medir e melhorar o desempenho através de indicadores pré-definidos. Além da gestão de melhora clínica, ou seja, medir se o paciente está melhorando ou não. E também medição de desempenho.
Existem 3 níveis nos quais os Centros podem se qualificar. São eles:
- O selo ouro. O Centro precisa ter o mínimo de conformidade parcial de 40% e 30% de conformidade total, com a lista de exigências.
- O nível platina. Quando tem 50% de conformidade total e 20% parcial.
- E a classificação diamante. São 70% de conformidade total.
Para finalizar, o profissional destacou que esse manual pode ser aplicado em qualquer Centro, independente de seu tamanho, desde que haja interesse em cumprir às especificações necessárias, que são: O Centro precisa conhecer o manual de padrões de avaliação, estar disposto a se adequar aos requisitos do manual, adequar seus processos e método de gerenciamento de forma a evidenciar conformidade com o padrão da avaliação, contratar a instituição Acreditadora para avaliação inicial, após três meses receber a Instituição Acreditadora para visita de avaliação de desempenho e após mais 3 meses receber a instituição Acreditadora para a avaliação da Certificação. Caso cumpra todos os requisitos, o Centro tem seu nível definido e conta com avaliação constante da IQG para garantir que os processos estejam sendo cumpridos adequadamente.
Confira o Guia produzido pela SBR, em parceria com a assessoria Acredite:
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