Especialista apresenta as Diretrizes Nacionais do Cuidado Farmacêutico no cenário atual da Farmacologia
Nenhuma ação de cuidado acontece de forma isolada, e isto não é diferente quando se fala em Cuidado Farmacêutico, muito mais do que uma ação direcionada apenas ao paciente, a prática também abrange ações e serviços direcionados à família e à comunidade como um todo.
Foi justamente esse o assunto do debate ocorrido no último BioSummit Brasil 2023, ocorrido no dia 16 de novembro. Com presença da Dra. Agnes Gossenheimer, farmacêutica do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, foi discutido também o uso racional de medicamentos e promoção da saúde no SUS, assim como a prevenção de agravos.
O papel do farmacêutico para o cuidado individualizado
O Cuidado Farmacêutico proporciona melhorias tanto na efetividade clínica quanto nos aspectos humanísticos, como qualidade de vida e satisfação do usuário. O acompanhamento do tratamento, não apenas no acesso aos medicamentos, mas também no cuidado contínuo, demonstra impactos positivos nos desfechos de saúde.
“O farmacêutico atua não só na logística, mas também no foco do olhar para o paciente como um todo”, destaca a Dra. Agnes, “consegue-se não só uma melhora clínica, mas também uma melhora humanística”.
Além de uma melhora na qualidade de vida do usuário, essa atenção desempenha um papel importante no que diz respeito ao desfecho econômico: “A saúde tem custo”, continua a doutora, “custo de horas não trabalhadas, de horas indo ao serviço de saúde por uma doença não controlada, custos para o sistema de saúde como um todo”.
Estudos comprovam que, quando os problemas relacionados à Farmacoterapia são discutidos de forma ampla, centrada nas necessidades específicas de cada paciente, há uma redução significativa de gastos em vários âmbitos do SUS. No entanto, essa abordagem abrangente requer adaptações em todo o sistema de saúde.
Desafios atuais da Farmacoterapia
Ao realizar o tratamento com medicamentos, o usuário pode encontrar barreiras que dificultam a adesão da forma correta. Segundo a OMS, mais de 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada e metade de todos os pacientes não os toma corretamente.
A falta de adesão, acesso, segurança e efetividade dos medicamentos são alguns dos desafios enfrentados pela Farmacoterapia atualmente: fatores que dificultam ou até mesmo impedem que o paciente atinja uma melhora clínica. É sabido que em muitos momentos o indivíduo que utiliza determinado medicamento tem uma questão que pode ser resolvida de forma simples, mas pela falta de tratamento correto, acaba desencadeando um problema mais grave.
Além disso, pacientes que já possuem acesso ao tratamento não utilizam o medicamento de forma correta por conta desta barreira de informações. E é neste momento que o papel do farmacêutico mostra-se, mais uma vez, essencial: “O farmacêutico é o profissional que tem esse conhecimento para ao fazer a revisão da farmacoterapia conseguir identificar esses problemas”, ressalta a Dra. Agnes.
Todos estes agravantes, quando não acertados, se transformam em complicações do quadro de saúde, conforme aponta a especialista. “Quando a gente coloca no processo o cuidado farmacêutico, é justamente para que a gente possa identificar esses possíveis problemas que ao final desse processo causam morbidades, doenças por conta de complicações e mortalidades”.
Diretrizes Nacionais do Cuidado Farmacêutico
Diante de todos esses desafios atuais relacionados ao Cuidado Farmacêutico, a Dra. Agnes compartilhou a iniciativa de construção das Diretrizes Nacionais do Cuidado Farmacêutico, enfatizando sua importância para direcionar estratégias e ações no desenvolvimento desse cuidado nos serviços de saúde do SUS.
O documento disponibiliza para a população 12 diretrizes que abrangem desde a definição da modelagem dos serviços até ações voltadas para a educação permanente, estrutura física adequada e monitoramento dos serviços.
As Diretrizes buscam favorecer o apoio institucional, orientar ações em nível nacional, subsidiar estados e municípios, consolidar práticas clínicas e embasar os serviços relacionados ao Cuidado Farmacêutico. O documento, já pactuado, está em processo de publicação.
O compromisso com o cuidado centrado na pessoa e a integração com a equipe de saúde são pilares fundamentais para promover resultados positivos e melhorar a qualidade de vida da população. Dentro do Departamento de Assistência Farmacêutica, em nome do seu Diretor Marco Aurélio Pereira, existe uma preocupação em “fazer com que o medicamento chegue ao usuário mas chegue junto ao cuidado”, como destaca Agnes.
Essa preocupação se torna cada vez mais institucionalizada, e as Diretrizes Nacionais do Cuidado Farmacêutico têm esse cuidado em definir qual o papel do Cuidado Farmacêutico dentro do território Brasileiro.
A mudança de foco, o “construir os serviços baseado na pessoa, no usuário”, como aponta a especialista, é o novo cenário para os profissionais da área da Farmacologia, que são também profissionais da saúde e estão cada vez mais presentes nos processos clínicos.
Confira na íntegra as Diretrizes Nacionais do Cuidado Farmacêutico no cenário atual da Farmacologia, do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde
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