Falta de remédios nas farmácias de alto custo preocupa pacientes em São Carlos e região: ‘é nosso direito’

falta de medicações nas farmácias de alto custo em São Carlos (SP)Pirassununga e região preocupa pacientes e familiares. A interrupção de tratamento ou troca de medicamentos sem orientação médica pode trazer vários riscos à saúde.

O Ministério da Saúde não se manifestou sobre o motivo da falta e quando eles serão disponibilizados, mas informou que a galantamina, um remédio para Alzheimer, está em processo de compra. (veja mais abaixo os posicionamentos).

Transtornos sem remédios

A aposentada Maria Cerutti tem 85 anos e mora com a família em Pirassununga. Como tem alguns problemas de saúde, ela precisa tomar vários remédios.

Somando todos eles gastaria cerca de R$ 2 mil por mês. Por isso os remédios mais caros o filho pega na farmácia de alto custo.

“A galantamina, que é um remédio que ajuda ela a ter uma vida melhor, com uma certa Independência, está faltando mais ou menos há seis meses. Nós fizemos o processo, recebemos durante uns quatro meses e depois acabou, não veio mais”, disse o filho dela, o aposentado João Alberto Cerutti.

A esposa de João também precisa tomar alguns medicamentos de alto custo, mas enfrenta o mesmo problema. “Vamos frisar que é nosso direito, né? O medicamento existe, a gente fez o processo com documentação, tudo certinho”, afirmou.

Falta de remédio 3 vezes neste ano

Em São Carlos, a contadora Eliane Fuzzi também precisa lidar com a dificuldade para pegar o remédio que ela e a mãe tomam para artrite reumatoide. “Esse ano eu acredito que já enfrentamos falta dele umas três vezes”.

Cada caixa custa mais de R$ 700. Quando não consegue na farmácia de alto custo, elas ficam sem tomar o remédio e o corpo sente os efeitos da interrupção no tratamento. “Dores nas juntas, né? Principalmente nos pés e nas mãos”, disse.

Riscos para a saúde

Não seguir o tratamento indicado pelo médico, seja substituindo os remédios por conta própria ou ainda parando a medicação em tempos específicos pode trazer vários riscos para a saúde.

“Uma pessoa que não falece por alguma doença X, mas ela fica com alguma forma de sequela física motora, algum grau de incapacidade, não vai mais conseguir trabalhar. Essa pessoa vai precisar ser afastada, essa pessoa vai onerar o serviço de Previdência Social. Essa pessoa vai onerar a própria questão tributária do Brasil. Então o desabastecimento de medicamentos parece um negócio simples, mas pode ter impacto bem maior do que a gente pensa”, destacou o neurologista Ílan da Silva Rodrigues.

As medicações de alto custo são fornecidas pelo governo estadual e pelo governo federal. O município é responsável apenas pela distribuição. Na falta da medicação, é importante que o paciente procure por um médico para tentar uma substituição.

“Você nunca deve sob nenhuma hipótese suspender por conta própria o uso de um medicamento. Você também não deve substituir por conta própria o uso de determinado medicamento. Só quem deve fazer isso realmente é o médico que está acompanhando você. Nem sempre isso é possível, mas de preferência o médico que já conhece o paciente, já conhece o perfil, já conhece as intolerâncias, já conhece qual seria o melhor caminho e não teria que começar toda essa investigação do zero”, afirmou o neurologista.

O que dizem prefeituras, estado e Ministério da Saúde

À EPTV, afiliada da TV Globo, as prefeituras de Pirassununga e São Carlos reforçaram que são responsáveis exclusivamente pela distribuição das medicações e não pela compra.

A Secretaria de Estado da Saúde afirmou que segue os protocolos do Ministério da Saúde. Em nota, o Ministério da Saúde disse em nota que o medicamento galantamina está em processo de compra.

A reportagem não teve respostas sobre quando as medicações estarão disponíveis, porque elas faltam nas farmácias e sobre o que o paciente deve fazer em caso de ausência do remédio receitado.

Fonte: G1

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