câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), estima-se que o país registre 73.610 novos casos até 2025, com uma taxa de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres, e que a doença provoque 18 mil mortes. Embora rara, a doença também pode acometer homens, representando cerca de 1% dos casos.
Os desafios para promover a prevenção e o controle do câncer de mama no SUS foi tema de debate na 77ª Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), realizada na última sexta (11/10). O diagnóstico precoce e a prevenção primária foram os grandes destaques do debate, já que desempenham um papel crucial na redução dos números da doença.
“Não é só no Outubro Rosa, é preciso que a prevenção seja feita durante os 365 dias do ano, com compromisso do SUS, desde o atendimento no postinho até a realização de exames e entrega do diagnóstico completo”, afirma a conselheira nacional de Saúde Helena Piragibbe, representante da União Brasileira de Mulheres (UBM) no colegiado.
O acesso à informação, exames de rotina e cuidados com a saúde são essenciais para que as mulheres estejam preparadas para identificarem os sinais e buscarem tratamento adequado o quanto antes. A prevenção do câncer de mama envolve a adoção de hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade física, a manutenção de um peso saudável e a redução do consumo de álcool.
“Não existe dose segura para álcool e o consumo abusivo tem aumentado com o tempo, o que tem uma relação direta com a incidência de câncer de mama nas mulheres. Entre as mulheres, o consumo de álcool aumentou 95%, de 2006 a 2023”, aponta Aline Leal, doutoranda em Medicina Tropical pela UNB com Graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Impacto financeiro
O Inca estima que os gastos totais com três tipos de câncer (mama, colorretal e endométrio, entre os mais incidentes do país) serão de R$ 2,5 bilhões em 2030 e R$ 3,4 bilhões, em 2040. As despesas abrangem procedimentos hospitalares e ambulatoriais realizados no SUS em pacientes oncológicos com 30 anos ou mais.
Os dados constam na publicação Sumário executivo: gastos federais atuais e futuros com os cânceres atribuíveis aos fatores de risco relacionados à alimentação, nutrição e atividade física no Brasil. O aumento da prática de atividades físicas pode gerar uma economia de até R$ 20 milhões com o tratamento do câncer em 2040. Para isso, cerca de um terço da população brasileira precisa realizar ao menos 150 minutos de exercícios físicos por semana, até 2030. A prevenção, além de proteger a saúde da mulher e permitir maior possibilidade de cura da doença, também tem um grande impacto financeiro do tratamento no SUS.
“É preciso identificar mais precocemente os casos de câncer de mama. Precisamos que todas as mulheres tenham um tratamento digno e célere para um desfecho positivo dessa doença”, afirma Aline.
Combate à desinformação
Segundo Alexandre Bento Rodrigues, cientista social coordenador de Advocacy da Federação Brasileira de Instituições de Apoio à Saúde da Mama (Femama), embora a campanha Outubro Rosa esteja instituída no Brasil há 20 anos, ainda há um déficit de informação muito grande sobre a doença entre a população.
“A desinformação vem de todos os lados, inclusive dos profissionais de saúde”, afirma Alexandre ao destacar a campanha que a Femama lançou neste mês para auxiliar no tema: Com mais informação, somos mais vida.
A campanha apresenta a perspectiva, a voz e o sorriso de pacientes oncológicas de todas as regiões do Brasil e celebra as mulheres que conviveram de perto com os desafios do câncer. O objetivo é levar informação e promover uma ação da sociedade em favor dessa causa, ampliando a conscientização e o conhecimento sobre cânceres femininos, sensibilizando amigos, familiares e comunidades para estimular a adesão de cada vez mais mulheres aos exames de rotina, rastreamento e diagnóstico.
“Ainda há uma dificuldade de entendimento e uma série de mitos sobre o tema. Queremos conversar com todas as pessoas e democratizar o acesso à informação, isso pode salvar vidas”, completa Alexandre.
Assista o debate na 79ª Reunião Extraordinária:
Viviane Claudino
Conselho Nacional de Saúde