Medicamento essencial para o tratamento ficou em falta há mais de dez dias na farmácia do Hospital Geral, segundo pacientes de Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR)
Pacientes que fazem o uso de fingolimode 0,5 mg denunciaram a falta do medicamento no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), uma das unidades médicas que faz a distribuição da droga, que chega a custar mais de R$ 8 mil (caixa com 28 cápsulas). Segundo eles, o remédio, que é utilizado para o tratamento da Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR) , ficou em falta por mais de dez dias. A Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) informou, por meio de nota, que a medicação chegou no final da primeira quinzena de janeiro (14/01), para o atendimento do 1º trimestre de 2022 no Estado.
A jornalista Stephanie Coelho foi diagnosticada com a doença em abril de 2021 e, desde então, recebe uma receita que a permite retirar o medicamento fingolimode 0,5 mg no HGF. “Eu perguntei [à atendente da farmácia do hospital] à respeito da medicação, aí ela afastou o teclado e tinha uma lista extensa de outros medicamentos que também estavam em falta”, relatou Stephanie antes de conseguir o remédio, que só foi obtido em 19/01.
Preocupada com um possível surto da doença caso não utilize a medicação no tempo certo, a jornalista ainda afirma que preferiu entrar em contato com a imprensa antes de procurar a direção do HGF porque os pacientes não têm acesso a ferramentas de comunicação com o hospital. “Eles também não informam nada, a gente fica esperando e não tem uma data certa, não tem um ‘ligue no dia tal para você pegar o medicamento'”, disse.
Ana Beatriz Roberto, psicóloga, utiliza o medicamento desde junho de 2021 e narra que é a primeira vez que o medicamento está em falta. Ela, que atualmente mora no Interior, deslocou-se de sua cidade no dia 10 de janeiro deste ano para a Capital cearense e, chegando ao HGF, foi informada de que o remédio estava fora de estoque. “Passamos por duas filas, e a pessoa que atende falou que não tinha mais a medicação. Agora estou utilizando a medicação que ainda me restava, mas está prestes a acabar”, conta.
Diferentemente de Stephanie, Ana Beatriz foi orientada a manter contato com a farmácia do Hospital e com a ouvidoria do Ministério da Saúde pelo 136, para que eles ficassem a par da falta de medicação.
Em contato com a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), O POVO apurou que o medicamento fingolimode 0,5mg é adquirido de forma centralizada pelo Ministério da Saúde e distribuído aos Estados. A Sesa também informou que, após recebimento do remédio, as farmácias especializadas estão em processo de abastecimento.
O POVO também entrou em contato com o Ministério da Saúde para saber o motivo da falta, mas ainda não obteve resposta.
Na quarta-feira, 19/01, Stephanie Coelho conseguiu receber a medicação. Um dia depois, na quinta-feira, 20, Ana Beatriz Roberto também recebeu. O Ministério da Saúde não se pronunciou sobre o motivo da falta.
Última atualização em 24/01/2022, às 10h37