Medicamento segue em pesquisa clínica; no estudo fase 2, 58% dos pacientes apresentaram bom controle da doença, em comparação com o uso de placebo¹.
Um novo medicamento está sendo estudado em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico e tem apresentado promissores resultados no controle das manifestações da doença². O deucravacitinibe, um medicamento via oral, vem sendo estudado pela farmacêutica Bristol Myers Squibb em 33 países e poderá se tornar uma opção para o controle do lúpus eritematoso sistêmico, já que hoje ele é utilizado somente para tratamento da psoríase³
Os resultados das primeiras fases do estudo mostram que o deucravacitinibe apresentou eficácia de 58% contra 34% do grupo placebo⁵. Além disso, o medicamento também teve baixa taxa de eventos adversos, demonstrando segurança do fármaco⁵
“Os resultados publicados para os estudos fase II do medicamento em lúpus eritematoso sistêmico, que avaliam principalmente resultados de segurança e dosagem apropriada relacionada ao perfil de eficácia e segurança, permitiram a continuação da avaliação do benefício do fármaco em estudos de fase 3”, explica Patrícia Faustino, Diretora Médica Associada da Área de Imunologia da Bristol Myers Squibb Brasil.
O Brasil está participando de dois estudos clínicos globais fase 3 com deucravacitibine em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Estes estudos têm como objetivo comprovar a eficácia e a segurança do medicamento nesta indicação. Ao todo, 1100 pacientes serão incluídos, sendo aproximadamente 100 pacientes aqui no Brasil, divididos em centros de pesquisa localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Bahia e Distrito Federal⁶.
Como funciona o deucravacitinibe
O deucravacitinibe hoje é aprovado em bula⁷ apenas para tratamento da psoríase em placas. O medicamento, que é por via oral, atua inibindo uma enzima chamada tirosina quinase 2 (TYK2), o que leva a uma redução na resposta inflamatória presente na psoríase⁸. A TYK2 também está envolvida nos processos imunológicos que levam ao lúpus eritematoso sistêmico⁹. De olho nisso, os novos estudos avaliam a possibilidade de resposta na redução da inflamação da doença com o medicamento.
“A TYK2 atua como mediadora da via de sinalização intracelular do interferon tipo 1, que está muito relacionado à fisiopatologia (causa) da doença. Dessa forma, o deucravacitinibe inibe essa via de sinalização ao interferon, contribuindo para o controle da inflamação”, explica a diretora médica.
Sobre o lúpus¹⁰
O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença inflamatória autoimune, em que o sistema imunológico ataca órgãos ou tecidos do próprio corpo podendo afetar diversos órgãos como rins, pele e o cérebro. Como a grande maioria das doenças autoimunes, o lúpus não tem uma causa única definida. Fatores genéticos, hormonais, infecciosos e ambientais podem estar envolvidos no desencadeamento da doença.
No Brasil, estima-se que entre 150 e 300 mil pessoas tenham lúpus eritematoso sistêmico, sendo a maioria mulheres. Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, o que dificulta um diagnóstico rápido e preciso. Entre os sinais e sintomas mais comuns estão:
- Fadiga
- Febre
- Dor nas articulações
- Vermelhidão na face em formato de borboleta
- Lesões na pele que surgem ou pioram após a exposição ao sol
- Linfonodos aumentados
- Queda de cabelo
- Rigidez e inchaço nas articulações
Em relação ao diagnóstico, não há um exame específico que identifique a doença. O médico pode solicitar diversos tipos de exames para fechar o diagnóstico, entre
eles biópsia renal, exame de urina, radiografia de tórax e exames de auto-anticorpos, como o teste de anticorpos antinucleares.
Pesquisa clínica em andamento para tratamento do lúpus
O Brasil está participando de dois estudos clínicos globais fase 3 em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Estes estudos têm como objetivo comprovar a eficácia e a segurança do medicamento nesta indicação.
Podem se candidatar pessoas entre 18 e 75 anos, que tenham lúpus eritematoso sistêmico há mais de 24 semanas e que estejam usando pelo menos uma medicação para tratamento da doença há 12 semanas ou mais¹¹
Para se candidatar a participar da pesquisa clínica, basta preencher o formulário neste link. Se o participante se encaixar nos critérios do estudo, receberá contato da equipe com mais informações e os próximos passos.
Referências bibliográficas
- 1,2,4,5,8,9 Morand, E., et al. Deucravacitinib, a Tyrosine Kinase 2 Inhibitor, in Systemic Lupus
Erythematosus: A Phase II, Randomized, Double-Blind, Placebo- Controlled Trial.
Arthritis Rheumatol, 2023;75: 242-52. https://doi.org/10.1002/art.42391 - 3,7 Sotyktu. [Bula]. Bristol-Myers Squibb Farmacêutica LTDA. Disponível em:
SOTYKTU_VP_v03_27082021_Paciente.pdf. Acesso em 23 de janeiro de 2025. - 6,9,11 ClinicalTrials.gov. A Study to Assess Effectiveness and Safety of Deucravacitinib
Compared With Placebo in Participants With Active Systemic Lupus Erythematosus (SLE)
(POETYK SLE-1). Disponível em:
https://clinicaltrials.gov/study/NCT05617677?term=POETYK&rank=3 Acesso em
19/03/2025. - ClinicalTrials.gov. A Study to Evaluate Effectiveness and Safety of Deucravacitinib
(BMS-986165) Compared With Placebo in Participants With Active Systemic Lupus
Erythematosus (POETYK SLE-2). Disponível em:
https://clinicaltrials.gov/study/NCT05620407?term=POETYK&rank=2. Acesso em
19/03/2025. - 10 Ministério da Saúde. Lúpus. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/lupus Acesso em: 23 jan. 2025.
Descubra mais sobre Biored Brasil
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.