Saúde 4.0: desafio é usar novas tecnologias para aumentar a equidade no atendimento

Melhorar a qualidade, expandir o acesso e aumentar a produtividade. Para os especialistas que participaram do painel Saúde 4.0 do Summit Saúde e Bem-Estar, promovido pelo Estadão, é sobre esse tripé que a medicina deve considerar o uso das novas tecnologias, um pacote revolucionário que inclui robótica e IA aplicadas às cirurgias de precisão e novos sistemas de gestão em hospitais inteligentes, entre outras soluções.

“A tecnologia precisa ser utilizada como um elemento viabilizador para que se consiga implementar inovação de forma sustentável ao sistema e que, ao mesmo tempo, propicie o aumento do acesso à saúde”, afirmou Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury.

Jeane citou dois exemplos de IA generativa na medicina diagnóstica que obedecem a essa lógica: em ressonância magnética, para diminuir custo e tempo em aquisição de exame, e em tomografia, para diagnosticar casos mais graves.

Nas cirurgias, os avanços tecnológicos são refletidos em desfechos mais favoráveis ao paciente, disse Carlos Eduardo Domene, presidente da Sociedade Brasileira de Videocirurgia, Robótica e Digital (Sobracil).

Domene, que também é professor de cirurgia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), traçou uma linha evolutiva. Tudo começou com a cirurgia 1.0, que implicava em corte. A seguir, a 2.0 introduziu a laparoscopia. Na cirurgia 3.0, veio o uso da robótica; na 4.0, procedimentos envolvendo IA e, atualmente, já se presencia a cirurgia 5.0, totalmente automatizada.

“O desafio (dos médicos e dos sistemas de saúde) é incorporar cada vez mais rapidamente no dia a dia e acompanhar a velocidade com que essas coisas acontecem”, disse.

Treinamento e prioridades

Para a incorporação efetiva de tecnologia, é importante aliar formação com o incentivo ao novo, à experimentação. Nesse sentido, Leonardo Riella, brasileiro que leciona na Harvard Medical School, explicou que uma das diferenças entre os Estados Unidos e o Brasil é a valorização do médico-cientista e seu tempo de trabalho.

“Se o médico não tem esse tempo protegido para fazer a pesquisa, é difícil dedicar tempo suficiente para desenvolver projetos e novas tecnologias”, disse.

Demarch explicou que no ecossistema Einstein, que conta com um centro universitário com cursos de graduação e pós-graduação em saúde, a inovação é um componente transversal, presente nas áreas assistencial e de ensino.

Além disso, a instituição tem priorizado inovações baseadas nas necessidades locais. “A incorporação por si só nem sempre faz sentido. Mais importante é saber por que se está incorporando. No nosso caso (do Brasil), as tecnologias são importantes para a busca da equidade nos sistemas de saúde”.

E, para que se rume em direção a essa equidade, o diretor presidente do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, José Marcelo de Oliveira, defendeu a importância de uma escolha estratégica que parta do pressuposto de que “a saúde é sistêmica e os recursos são escassos”.

“Meu alerta é como incorporar (a tecnologia), e tem método para isso. Senão, o recurso escoa para um lugar em que não se faz a revolução. Não devemos usar todos os recursos para chegar à Lua.”

O “Summit Saúde e Bem-Estar – O futuro da saúde já chegou″ aconteceu nos dias 13 e 14 de outubro, no Espaço de Eventos do Shopping JK Iguatemi, em São Paulo. Veja aqui outros temas discutidos nesta edição.

Fonte: Estadão

Saúde 4.0: desafio é usar novas tecnologias para aumentar a equidade no atendimento – Estadão (estadao.com.br)

Deixe o seu comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.