O Ministério da Saúde (MS) acaba de expandir as opções de tratamento para pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) grave, uma das principais causas de internação no SUS, que afeta principalmente pessoas acima de 40 anos e está diretamente associada ao tabagismo. Em portarias publicadas na última segunda-feira (7), o MS incorporou as terapias furoato de fluticasona/brometo de umeclidínio/trifenatato de vilanterol e dipropionato de beclometasona/fumarato de formoterol dihidratado/brometo de glicopirrônio. A inclusão dessas novas terapias representa um avanço significativo para o tratamento de pacientes com DPOC. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é caracterizada pela obstrução crônica e progressiva das vias respiratórias, limitando o fluxo de ar nos pulmões. Essa condição, que engloba a bronquite crônica e o enfisema pulmonar, provoca sintomas como falta de ar (dispneia), tosse crônica, produção excessiva de muco e chiado no peito.
A combinação tripla de medicamentos é administrada por meio de um inalador e é voltada para pacientes que sofrem com episódios frequentes de exacerbação, ou seja, crises de piora súbita dos sintomas respiratórios, que podem levar a hospitalizações e comprometer gravemente a qualidade de vida.
De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde, a DPOC afeta milhões de pessoas no Brasil, sendo particularmente comum entre fumantes e ex-fumantes, mas também podendo ocorrer devido à exposição prolongada a poluentes ambientais ou profissionais. Estima-se que mais de 15% da população acima dessa idade no Brasil sofra de algum grau de DPOC, sendo as regiões Centro-Oeste (25%), Sudeste (23%) e Sul (21%) as que apresentam maior incidência da doença.
O diagnóstico é feito por espirometria, um exame que mede o fluxo de ar nos pulmões, e a gravidade da doença é classificada em estágios, conforme a Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD), variando de leve a muito grave (GOLD 1 a 4).
Novas incorporações no SUS
Estudos analisados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) mostraram que a combinação de beclometasona e os outros dois medicamentos melhora significativamente a função pulmonar e reduz a taxa de exacerbações, proporcionando um melhor controle da doença e mais conforto para os pacientes.
Já a combinação de furoato de fluticasona, brometo de umeclidínio e trifenatato de vilanterol, também para pacientes com DPOC grave a muito grave, tem se mostrado eficaz para reduzir o número de exacerbações graves, melhorar a capacidade respiratória e aumentar a adesão ao tratamento. A eficácia dessa combinação foi demonstrada em ensaios clínicos que avaliaram sua superioridade em relação a terapias duplas previamente disponíveis, especialmente na melhora da função pulmonar e na redução das hospitalizações.
Impacto para os pacientes
O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas recomenda que os novos tratamentos sejam utilizados em pacientes que apresentem grave limitação do fluxo aéreo e que enfrentem exacerbações frequentes, não controladas adequadamente por outras terapias. A expectativa é que essas novas combinações inalatórias possam proporcionar maior controle dos sintomas e reduzir as complicações da doença, melhorando a qualidade de vida desses pacientes e aliviando a pressão sobre o sistema de saúde.
Essas incorporações fazem parte de uma política pública contínua de expansão do acesso a tratamentos de alta complexidade e custo pelo SUS, garantindo que os pacientes com doenças crônicas e graves recebam os cuidados mais avançados e adequados disponíveis.