Vacinação: o que os pacientes com doenças imunomediadas devem saber

Para trazer a perspectiva do reumatologista em relação às doenças autoimunes no contexto da pandemia pela Covid-19, Dra. Gecilmara Salviato Pileggi, reumatologista e membro da Comissão de Doenças endêmicas e infecciosas e da Unidade de Pesquisa da Sociedade Brasileira de Reumatologia trouxe as principais orientações e informações. Além disso, a especialista também elucidou as principais dúvidas sobre a vacinação segura nesse grupo de pacientes. Confira a íntegra da apresentação: Confira a íntegra da apresentação: https://youtu.be/Q2oXlYrfyZI  

Confira os principais destaques da sua aula durante o BioSummit Brasil, encontro anual da Biored Brasil, que aconteceu nos dias 29 e 30 de novembro. 

Pacientes imunossuprimidos têm mais riscos de hospitalizações por Covid-19

Atualmente, a maioria dos números de infecção pela Covid-19 são de pacientes que não se vacinaram ou não completaram o esquema vacinal proposto pelo Ministério da Saúde. “Outro grupo também é o de pacientes imunossuprimidos, principalmente aqueles que não tomaram os reforços da vacina”, destaca Gecilmara. 

Isso porque a própria atividade da doença reumatológica pode afetar a imunidade, assim como os medicamentos que se tomam para controlar a doença. Resultando em uma baixa produção de anticorpos contra a Covid-19. “Os pacientes com doenças reumatológicas imunomediadas têm mais risco de hospitalização quando em atividade da doença, em uso de corticoides em dose alta ou de medicamentos como rituximabe e micofenolato”, explica. 

Apesar da resposta vacinal ainda ser pior nesses pacientes, a Liga Europeia Contra o Reumatismo (EULAR) fortemente recomenda que se mantenha a vacinação nos pacientes, como também as medidas protetivas contra o vírus como máscaras e uso de álcool em gel. 

Já o American College of Rheumatology (ACR) recomenda algumas orientações para os pacientes que não podem se vacinar ou aqueles que poderiam ter um risco maior de não ter uma boa resposta à vacina. “Nos Estados Unidos já estão utilizando o tixagevimab/cilgavimab como profilaxia contra o vírus, ou seja, antes da exposição”, explica a reumatologista. 

No Brasil, o medicamento foi aprovado pela ANVISA no início do ano e passou por uma Consulta Pública em julho de 2022 para possível incorporação no SUS, porém a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) decidiu não incorporar devida a “incerteza da incerteza da evidência clínica da tecnologia”. 

“A vacina continua sendo a nossa principal arma contra o vírus”

A reumatologista destacou a importância de se completar todo o esquema vacinal contra a Covid-19 “Isso inclui a quarta e quinta dose, seguindo o calendário nacional para pessoas imunossuprimidas”.  Em relação às demais vacinas, também é necessário ter uma atenção especial. 

A cobertura vacinal no Brasil vem diminuindo drasticamente nos últimos anos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cobertura da população em 2021 era de apenas 59% dos cidadãos imunizados. Em 2020, o índice era de 67% e em 2019 de 73%. A recomendação é que tenhamos uma cobertura acima de 95% da população, ou seja, estamos ficando cada vez mais longe dessa meta. 

O que nos coloca em risco de que doenças que anteriormente foram erradicadas possam voltar e prejudicar, principalmente, os pacientes imunossuprimidos. “Pessoas com doenças imunomediadas morrem mais por causa de infecções, do que pela doença de base”, faz o alerta a médica. 

Por isso, quem tem doenças reumatológicas deve seguir o Programa Nacional de Imunizações (PNI) de acordo com a sua idade, como também o calendário de vacinas especiais para quem tem a condição.  

Vacinas especialmente recomendadas para quem tem doenças reumatológicas 

A Sociedade Brasileiras de Imunizações (SBIM) todo ano lança calendários de vacinação para pacientes especiais. Lá, há todas as vacinas especialmente recomendadas para quem tem doenças específicas, como diabetes, cardiopatias, doenças autoimunes, entre outras. 

De acordo com o calendário da SBIM, as vacinas especialmente recomendadas para quem tem doenças autoimunes são: 

  • Influenza
  • Pneumocócicas
  • Meningocócicas
  • Pólio inativada
  • Hepatite A e B 
  • HPV
  • Haemophilus influenzae
  • Varicela 
  • Herpes zóster inativada 

Todas essas, exceto a vacina contra a herpes zóster na versão inativada, estão disponíveis no sistema público de saúde através dos Centros de referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs). Para ter direito à imunização, basta se dirigir ao CRIE mais próximo da sua residência com o receituário do médico recomendando a vacina. A lista dos CRIEs do Brasil pode ser conferida clicando aqui. 

Já as vacinas de vírus atenuados devem ser tomadas com cautela e somente com orientação do médico, são elas: tríplice bacteriana, rotavírus, SCR (sarampo, rubéola, caxumba e varicela), febre amarela e dengue. “São vacinas que devem ser evitadas durante a imunossupressão e devem ser programadas com o médico o melhor momento para serem aplicadas”, explica Dra. Gecilmara. 

Familiares devem também se vacinar

A vacinação para contactantes, que são aquelas pessoas que têm contato com o paciente, também deve ser realizada para que se possa garantir uma imunização de rebanho. “Caso o paciente não possa se vacinar naquele momento, é muito importante que todos que convivam com ele se vacinem”.  

Em relação às crianças deve se ter cuidado com a vacina pólio oral. Como ela é ingerida e eliminada pelas fezes, há risco de contaminação no ambiente. “O ideal é que seja feita de forma injetável nas crianças que convivem com a pessoa imunossuprimida”, reforça. 

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